Como projetar com pessoas que vivem em áreas socialmente vulneráveis?

Viviane Zerlotini da Silva
Eduardo Moutinho Ramalho Bittencourt
Tiago Castelo Branco Lourenço
Alícia Duarte Penna

resumo

O Escritório de Integração presta assessoria técnica direta a grupos sociais autoprodutores de espaço na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Sua proposta metodológica baseia-se na fricção entre o conhecimento e a experiência dos moradores, que autoproduzem seu território, e dos técnicos, neste caso, professores e alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. Trata-se, não só, de investigar o que nos distancia e o que nos aproxima, mas também de superar paradigmas de urbanização que empobrecem o cotidiano e degradam a vida. Orientam tal proposta, tanto a consideração dos impactos – sobre o território, o cotidiano e o trabalho – das técnicas de urbanização predominantes na chamada cidade formal e reproduzidas na chamada informal, quanto a constatação de que a incompletude da urbanização nos territórios autoproduzidos, associada ao seu potencial autogestionário, constitui uma condição aberta à experimentação de processos e técnicas de urbanização. Focado desde 2014 em três ocupações urbanas, objeto do mais grave conflito fundiário urbano do Brasil, o trabalho, sempre intenso, desta vez consistiu de uma provocação. Por meio de ações diretas cujo efeito intencionava-se de imediato, realizou-se um exercício simultâneo de crítica de processos e técnicas de urbanização ali em curso e de reconhecimento de outros que, não necessariamente desconhecidos ou alternativos, são desconsiderados. Propositadamente, tomou-se o atendimento a demandas pontuais dos moradores como estratégia para a franca abordagem dos processos pelos quais, tais demandas, se multiplicam e se agravam.