Na rotina

A opção pelo trabalho no território permite que se conviva também com o tempo do lugar, quando a urgência se afasta ou se alivia, o que traz uma rotina produção e de reprodução de práticas. A assessoria, no entanto, não se realiza de forma linear e nem pretende atingir um resultado definitivo, como nos processos heterônomos de projeto e de intervenção.

A rotina corresponde, sim, ao processo de consolidação de estruturas autoproduzidas, e é para o seu fortalecimento que o PEU é solicitado. Além de atender a prioridades verbalizadas pelos assessorados- lideranças e moradores-, levanta-se o modo como  autoproduzem seu território. Há um intenso processo de negociação entre as partes, considerando aquelas prioridades, as capacidades e as habilidades de cada um, a disponibilidade de recursos monetários e não-monetários. É nesse momento que são estabelecidos os termos das parcerias, quando são negociadas as tarefas, as responsabilidades e os prazos. A elaboração face a face desse contrato social propicia a construção de relações de confiança.

O PEU elabora vários aparatos para promover o debate, antes e durante as intervenções: maquetes, protótipos, jogos, croquis, informativos e painéis. São instrumentos de caráter processual, elaborados nas visitas técnicas, com o propósito de debater os termos da pauta de discussão e orientar a tomada de decisões. Os trabalhos de assessoria explicitam os argumentos que fundamentam as ideias propostas, de modo que proporcionem uma ampla discussão, evidenciando conflitos e dissensos. Tal aprendizagem se dá sobretudo em campo, no ato, o que significa também uma aproximação entre estratégias de representação (gráfica, cartográfica e, portanto, também social) da realidade e a sua dinâmica.