Quem é o PEU

O grupo de ensino, extensão e pesquisa Produção do Espaço Urbano no Brasil – PEU- surgiu no início deste século, no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, como uma das várias reações do campo às questões socioambientais evidenciadas na cidade neoliberal.

O grupo PEU esteve na coordenação do Escritório de Integração – o EI –, um ambiente de ensino-aprendizagem em que à extensão se associam a pesquisa e o ensino. O Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Minas foi criado em 1991, e, com ele, o EI.

Do EI ao PEU, dos primeiros anos de 2000 até estes pandêmicos, sempre se viu de frente a extensão: como o pilar em que se ancoram o ensino e a pesquisa numa universidade, como as suas mãos à obra, como o seu braço armado.

Naqueles primeiros anos, essa visão de frente provocou:

  • uma mudança de currículo num curso de graduação, convertendo-se disciplinas em laboratórios de pesquisa e extensão; distinguindo-se disciplinas de projeto não mais pelo objeto – biblioteca, casa, templo- mas pelo sistema construtivo; enfatizando-se a cadeia produtiva da arquitetura e a produção social do espaço em novas disciplinas;
  • a criação da Escola de Formação Mão de Obra (a EFMO, que
    misturou, por exemplo, egressos do sistema prisional, mutirantes,
    autoconstrutores, trabalhadores, alunos, técnicos e professores
    num canteiro de obras – mesmo- bem ao lado das salas de aula), e
    do próprio Canteiro EM OBRAS, onde disciplinas dividiram pás
    ensaiando projeto com obra;
  • a subversão da falaciosa separação entre teoria e prática, entre o
    espaço e a sua produção social; entre a técnica e a produção social
    do espaço;
  • teses de doutorado de muitos de seus professores (sobre a
    hegemonia do concreto e a cadeia produtiva da Arquitetura, ou as águas urbanas, ou a urbanização brasileira) e monografias, dissertações e teses de seus egressos, nas Arquiteturas, como nas Engenharias e Geografias;
  • projetos-obras desde para condomínios Zona Sul que não achavam
    profissionais ousados o bastante para fazer as águas correrem sob
    novos sistemas de mesoestrutura, até para um mutirão
    autogestionário, passando pela Escola Florestan Fernandes, por um
    edifício ocupado num bairro pericentral, até ocupações sob
    viadutos, às vezes tendo que fugir da polícia, e já se opondo à má-fé
    institucional.

Depois de um breve hiato:

  • assumiu definitivamente a metodologia da extensão por assessoria
    técnica direta, e, como objeto, territórios urbanizados e construídos
    por moradores: pedaços de bairros, favelas, quilombos e ocupações
    propriamente ditas;
  • esteve diuturnamente em campo, municiando ocupantes de
    argumentos técnicos para a sua luta sem fim por permanência em
    seus lugares ou tentando fazer ouvir mais alto o grito – o berro- dos
    atingidos pelo crime ambiental da mineração;
  • penetrou incisivamente em disciplinas da Graduação, efetivamente convertidas em laboratórios de extensão e pesquisa, e da
    Especialização; transformou a antiga EFMO no PROSA – Programa
    de Formação de Autoprodutores em Saberes Ambientais;
  • gerou o projeto de uma Residência Profissional e ia provocando
    uma nova mudança curricular na Graduação, debatendo novos três temas fundantes para o ensino da Arquitetura e Urbanismo: não mais a sustentabilidade, a inclusão e a tecnologia dos primeiros anos de 2000, mas o comum, a alteridade e a técnica como saber, comprometidos com tudo aquilo que iria na contramão dessa pandemia e da anemia da Arquitetura diante das realidades mais sanguíneas, virulentas e óbvias por aqui desde a Lei de Terras em 1850;
  • continuou formando alunos como investigadores em campo, em
    campo, os quais continuam virando cobiçados profissionais, mestrandos
    e doutorandos por aí;
  • foi, com o grupo Oficina, de São Paulo, em 2016, representante do
    Brasil na XX Bienal Panamericana de Quito – Aula útil – la buena
    practica en la academia; promoveu, em 2017, na Universidade
    Continental de Huancayo, no Peru, o Taller de Arquitectura y
    Urbanismo Activa, uma oficina cuja metodologia veio a ser
    incorporada em disciplinas de outras instituições de ensino
    latinoamericanas; levou, em 2018, sua experiência de desenho
    colaborativo (de biodigestor) a uma comunidade indígena de
    Nariño, na Colômbia;
  • recebeu, em 2019, o Selo de Tecnologia Social pela Fundação
    Banco do Brasil, integrando o banco de tecnologias sociais com uma
    dentre as peripécias praticadas com os moradores de Esperança,
    Rosa Leão, Vitória, Helena Greco, Tomás Balduíno – ocupações
    urbanas na RMBH- lá mesmo, e no Canteiro de Obras do Prédio 47
    no campus da PUC em BH- uma peripécia denominada “dispositivo
    de urbanização sustentável”, na real, uma vala de infiltração construída com resíduos sólidos da perdulária indústria da construção civil;
  • avançou na subversão da falaciosa separação entre teoria e
    prática, investigando-experimentando tecnologias socioambientais –
    biodigestor, tanque de peixes, tanque de evapotranspiração
    (TEVAP), local de entrega voluntária assistida (LEVA) – com grupos
    de catadores e moradores de vilas, favelas, quilombos urbanos e
    ocupações rururbanas;
  • continuou a assessorar diretamente aqueles que reclamam seu
    direito de autoproduzir seus espaços segundo seus desejos e suas
    prioridades, à sua maneira, contra a reprodução, pelo Estado e pelo
    Capital, de padrões de urbanização baseados em tecnologias
    atestadamente ultrapassadas posto que predatórias à diversidade
    da vida no planeta e alienantes em relação à vida social.

Sempre ativo no campo, e em campo, o hoje PEU nunca escreveu tanto
quanto fez, mas fez tudo o que escreveu, pois só pensa a partir da prática,
sobre ela, nela, por ela.

O que fazemos

Prestamos assessoria técnica direta aos territórios em diferentes frentes no que se refere aos seus processos de urbanização. Essa atuação se dá em distintos momentos, que na prática se sobrepõem, em função das urgências dos processos de negociação e da violência que moradores enfrentam cotidianamente. No campo, o trabalho é redesenhado diante dessas prioridades. Em cada contexto predomina um tipo de solicitação, que, embora possa permanecer ao longo do tempo da assessoria, exige o desenvolvimento de produtos e serviços específicos.

A que servimos

Desde 2008, e com maior ênfase hoje, prioriza-se o protagonismo dos autoprodutores nos territórios de atuação. A partir do reconhecimento de que a ação direta dos moradores sobre o espaço é, ao mesmo tempo, luta por sobrevivência (esfera da necessidade) e luta pelo direito de decidir sobre o próprio espaço (esfera da liberdade), entendemos que nós, técnicos, deveríamos participar desse processo de autoprodução, invertendo-se a lógica dos ditos processos participativos: quem participa é o técnico! Assim, o desafio da extensão, no PEU, coincide com o da superação da alienação dos técnicos em relação à autoprodução do espaço.

“Saber urbanizar” e “saber construir” são a um só tempo técnica e política. E o que justifica que a assessoria técnica se debruce sobre os processos de produção cotidiana de espaço é a tentativa de estabelecer não mais uma competição entre saberes especializados e saberes tradicionais, mas uma troca e uma compreensão mútua, favoráveis à produção de um espaço onde a diferença – não a desigualdade – seja potencial.

Isso representa tanto uma assessoria técnica que seja direta, e evidentemente em campo, quanto o desenvolvimento de metodologias e procedimentos colaborativos e abertos. Em todos os casos, trata-se de orientar – colaborativamente – práticas que possam ser reproduzidas em outros territórios. Essa assessoria, então, não é fruto de uma invenção isolada ou de uma resposta a uma situação pontual. É, antes, influenciada enormemente por uma história de trabalho e de experimentações, por diferentes pessoas e grupos, em territórios em que se acumulam diversos saberes e práticas.

Contato

Telefone:  (31) 33194154 (31) 988828815

E-mail:  grupopeubr@gmail.com

Endereço: 

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – R. Dom José Gaspar, 500 – Coração Eucarístico, Belo Horizonte – MG, 30535-901 

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  • 2008

    Elaboração do Projeto Político Pedagógico - o PPP - do Curso, que toma a extensão com central na formação do futuro profissional. Concepção da instância de ensino aprendizagem Escola de Formação de Mão de Obra (EFMO).

  • 2005

    Início da terceira fase, prestando assessoria técnica direta a movimentos populares de luta por moradia na Região Metropolitana de Belo Horizonte, desenvolvendo e experimentando, colaborativamente, tecnologias socioambientais para as transformações sócio-espaciais em territórios.

  • 2002 - 2004

    Segunda fase do EI, que ocupou-se de projetos habitacionais, de ações de recuperação ambiental de áreas urbanas e de programas de formação de trabalhadores da construção civil.

  • 1991

    ‎ ‎ - Criação do Curso Arquitetura e Urbanismo e, com ele, a instância de ensino aprendizagem Escritório de Integração (EI) ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ ‎ -Início da primeira fase do EI, onde foram atendidos demandas da Arquidiocese de Belo Horizonte, sobretudo projetos arquitetônicos de equipamentos comunitários.