LEVANTAMENTO SÓCIO-ESPACIAL: para compreender a autoprodução do espaço

O objeto de estudo e ação do Escritório de Integração está no reconhecimento e na discussão de outros modos de produção do espaço urbano, que estão à margem daquelas hegemônicas no sistema capitalista. A partir de questionamentos de professores e alunos, que surgiram durante trabalhos de extensão universitária na ocupação urbana de Esperança, em Belo Horizonte, MG, em 2017, percebeu-se a necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre os aspectos tecnológicos e sociais que influenciam diretamente a nossa atuação em campo. O que é a autoprodução do espaço? Quem faz? Como funciona? Este artigo trata sobre a metodologia adotada pelo Escritório de Integração para aprofundar o tema da autoprodução do espaço. O tema é pertinente ao campo da arquitetura e do urbanismo, pois grande parte das cidades brasileiras são construídas por iniciativas dos seus próprios moradores, que constroem não somente suas casas, mas bairros inteiros, e definem espaços públicos, provêm infraestrutura básica e formam organizações sociais. Mediante a técnica da entrevista em narrativa e o levantamento métrico da residência, o Escritório de Integração conseguiu distinguir especificidades do modo de autoprodução do espaço: a proximidade entre a produção do espaço da ocupação e da casa, a necessidade da família de migrar constantemente em busca de suprir as necessidades básicas de sobrevivência, o contexto macro (eixo de expansão urbana) e micro (quadra como unidade de organização política interna) da geopolítica da ocupação, a predominância do valor de uso sobre o valor de troca da habitação, o tempo de trabalho e os recursos investidos pelos moradores, a proximidade entre o trabalho de produção e de reprodução, a legitimidade da posse da terra pelo uso social conferido à terra (e não pela propriedade).