Para Ferro, a beleza somente pode resultar dessa aliança entre técnicos e trabalhadores. Dirá ele (FERRO, 2006, p. 28): “Apenas como trabalho coletivo autonomamente organizado, como livre razão coletiva, a arquitetura produzirá seu ‘verdadeiro conceito’ e sua beleza própria”. A estética, como a arte, não é mais do que a expressão do trabalho livre, e a arquitetura seria a suprema expressão artística de uma comunidade livre de produtores, uma comunidade em que técnicos e trabalhadores seriam igualmente produtores. Enunciará em “O canteiro e o desenho” (FERRO, 2006, p. 89):
“A superação da contradição produção/dominação na arquitetura permitiria aos canteiros de obra tornarem-se grandes campos de experiência em trabalho livre, autogestão e produção – nessas circunstâncias é que então a arquitetura poderia voltar a ser definida como arte, na definição de William Morris: art is joy in labour.”
Não se trata apenas, portanto, de uma nova linguagem ou de uma nova “beleza”, mas de uma concepção em que a beleza incorpora a forma do trabalho que a produz, não se dissociando também aí o desenho do canteiro; o projeto, da obra; a arte, da construção.